Transplante Capilar

INTRODUÇÃO

O transplante capilar é uma das opções terapêuticas para o paciente que possui Alopecia Androgenética, mais comumente caracterizada pelos padrões de perda de cabelo, que traz indicações para a realização do transplante capilar. No entanto, cada caso deverá ser individualizado, e, descartado qualquer quadro de alopecia cicatricial que simule a alopecia androgenética, principalmente em mulheres. As técnicas de transplante capilar estão se aprimorando cada vez mais, com resultados mais naturais e ganhando popularidade constante entre os cirurgiões de restauração capilar e seus pacientes. A restauração capilar e sua capacidade de fornecer resultados naturais depende do amplo conhecimento da anatomia e do treinamento do cirurgião. Essa cirurgia é baseada na ‘theory of donor dominance in androgenic alopecia’ (teoria da dominância do doador na alopecia androgênica). Se um enxerto for retirado de uma área destinada a ter cabelo permanentemente e transplantado para uma área que sofre de calvície, ele irá, após um período inicial de eflúvio, crescer em seu novo local pelo tempo que teria em sua localidade original.”

Dra. Simone Suzano no Quarto Congresso de Tricologia

Técnica FUE

A técnica de transplante capilar mais difundida atualmente é a FUE (Follicular Unit Extraction). Em português, o termo FUE significa extração de unidades foliculares. Essa técnica de transplante consiste na retirada de unidades foliculares por meio de micro-punções manuais ou motorizadas da área doadora, removendo fio a fio, com a ajuda de pinças delicadas, sem a necessidade de uma incisão linear. Algumas vantagens da FUE que podemos citar incluem: cicatriz menos visível, recuperação pós-operatória mais curta e menos dolorosa, menor risco de lesão nervosa e cicatrizes pouco perceptíveis. Técnica do transplante capilar O protocolo para a realização do transplante pode ser dividido em 4 etapas e 3 fases que estão simplificadas a seguir.
  1. Planejamento
Os prós e contras de todos os pacientes com objetivo de realizar um transplante devem ser bem avaliados, assim como entender as expectativas e orientar sobre os possíveis riscos e complicações, e possíveis abordagens de tratamento, para um correto seguimento. Uma história clínica bem elaborada contendo, doenças prévias, alergias, tratamentos anteriores e uma história familiar detalhada é útil para avaliar uma possível evolução da perda capilar.

Dra. Simone Suzano praticando o Transplante Capilar FUE no Quarto Congresso de Tricologia

Um exame clínico bem detalhado também é necessário, incluindo avaliação do couro cabeludo e da pele, dermatoscopia ou tricoscopia, biópsia, teste de tração e outros testes necessários para cada caso. O exame clínico também deve ter como objetivo a avaliação do estadiamento da calvície para planejamento das unidades foliculares a serem retiradas da área doadora antes do transplante.

Deve-se avaliar também a cor, qualidade e densidade do cabelo doador, bem como o contraste entre o cabelo e as cores da pele, visando um melhor resultado.

  1. Preparação Cirúrgica

Passos importantes antes da cirurgia contemplam o esclarecimento sobre o termo de consentimento, avaliações laboratoriais pré-cirúrgicas, eletrocardiograma, avaliação da densidade da área doadora e fotografias pré-operatórias.

A preparação para a cirurgia inclui desde o corte fino do cabelo, marcação cirúrgica, limpeza e assepsia da região, bloqueio anestésico e tumescência da região.

Após essa preparação, é realizada a coleta das unidades foliculares da área doadora através de micropunções manuais ou motorizadas, fio a fio.

  1. Preparação das Unidades Foliculares para Implantação

As unidades foliculares são implantadas nas incisões realizadas na direção do fio pelo cirurgião na área receptora. A implantação ocorre com uma pinça muito fina ou um implanter. É importante empregar uma técnica atraumática para a colocação das unidades, sem afetar o bulbo e sem introduzir totalmente o folículo, evitando assim o aparecimento de cistos no local e foliculite.

Enxertos de cabelo único (com uma unidade folicular) são usados para criar a primeira linha de cabelo natural (hair line). O planejamento da primeira linha do cabelo é uma das etapas mais importantes no transplante capilar. Ela é o marco mais visível e a qualidade do trabalho de um cirurgião é muitas vezes julgada pela qualidade da hair line.

O restante das unidades foliculares de dois ou mais fios é usado para cobrir toda a região receptora restante.

  1. Cuidados Pós-operatório

Após o término da cirurgia o paciente é liberado para casa, não havendo necessidade de internação, salvo exceções. O curativo realizado pode ser parcial (somente área doadora) ou completo (área doadora e receptora), conforme o planejamento do cirurgião. No caso de enfaixamento da área receptora, deve-se ter muito cuidado na realização do procedimento para evitar cisalhamento e, também, ao remover o curativo para o enxerto não sair junto.

Informar ao paciente que o edema facial, e principalmente o palpebral, pode ocorrer e que pode ser amenizado com a administração de corticoides e drenagem linfática.

Propomos, na sequência, a divisão do pós-transplante em três fases, com necessidades diferentes de cuidados e nossas sugestões de tratamento para cada uma delas.

  1. Primeira Fase

A primeira fase contempla o primeiro ao décimo dia pós-transplante, tanto da área doadora como da área receptora. Serão necessários xampus ou espumas que gerem acalmia do couro cabeludo devido ao processo inflamatório, e tônicos capilares que promovam a cicatrização, juntamente com o controle de processos infecciosos.

Nos dias seguintes à cirurgia pode ocorrer algia e ardência local, especialmente na área doadora, e redução da sensibilidade na área receptora. O processo de cicatrização e descamação pode ocasionar prurido na região, com intensidades variadas.

  1. Segunda Fase

A segunda fase contempla do décimo ao trigésimo dia pós-transplante. Há uma melhora importante da algia e prurido local, podendo ainda existir alterações quanto à sensibilidade (excesso ou redução). A descamação normalmente já cessou ou estará em processo de finalização, e são indicadas formulações para manter a acalmia do couro cabeludo, controle de microbiota e padrão de oleosidade, juntamente com alguns estímulos de crescimento.

  1. Terceira Fase

A terceira fase se inicia após o trigésimo dia do transplante. Nesse período há a completa cicatrização tanto da área doadora quanto receptora e ausência de algia e prurido local.

Portanto, o ideal nesse período é o retorno imediato do tratamento antiqueda para preservar os folículos preexistente e também ajudar no crescimento dos novos fios.

A Alopecia Androgénetica é uma doença (CID 10 – L65), portanto, não tem cura, mas há tratamento. Vale ressaltar que a terapêutica com medicamento oral deve continuar mesmo no pós-transplante, visto que os fios que não foram transplantados continuarão tendo queda. Um dos medicamentos de uso continuo é o Minoxidil, recomendado uma dose diária de 2,5mg, e caso ultrapasse a dosagem de 5mg, existe o risco de tamponamento cardíaco.